CERATOCONE PEDIATRICO: HISTORIA NATURAL E FATORES PREDITIVOS DA PROGRESSAO UTILIZANDO-SE CURVAS DE SOBREVIDA DE KAPLAN MEYER
Estudar a história natural do ceratocone e alguns fatores preditivos para a sua progressão, em uma população pediátrica brasileira.
Esse estudo retrospectivo avaliou 272 olhos de 136 pacientes sem história prévia de cirurgia ocular e com seguimento mínimo de 36 meses, por meio de curvas de sobrevida de Kaplan Meyer; a variável dependente foi o tempo intervalar para a ocorrência do evento, definido como o aumento de 1.5D na máxima ceratometria (Kmax), obtida pelo Pentacam HR. Os seguintes preditores foram investigados: idade (< ou >= 14 anos), sexo, história familiar de ceratocone, história de alergia, e os parâmetros tomográficos: ceratometria média (Km), Kmax (< ou >= 55D); e paquimetria do ponto mais fino (TP). O teste log-rank foi utilizado para comparar os olhos melhores (OM) e os olhos piores (maior Km) (OP), e também para a análise dos preditores, separadamente, para os OM e OP, sendo considerado significante um p < 0.05.
A média +-SD da idade de entrada no estudo foi 15.0+-2.4 anos. Do total, 67% eram meninos, 30% menores que 14 anos, 15% tinham história familiar e 70% história de alergia. As medianas (IQR) das acuidades visuais dos OM foram 0,2 (0-0,3) e dos OP 0,3 (0,2-0,6), na entrada no estudo. As curvas de sobrevida dos OM mostraram mediana de 24.9 meses (CI95% (15.5, 61.1)) e a dos OP 19.0 meses (CI95% (11.0, 31.8)) As curvas de sobrevida dos OM e OP foram semelhantes nos primeiros 10 meses, e, após 15 meses ambas curvas se distanciaram, mas sem significância estatística (p = 0.301). Nos OM, a TP <400 micras teve sobrevida diferente (2.67 meses, CI95% (2.38;-)) quando comparada às demais TP (p = 0.015). Quanto aos OP com Kmax < 55 D, a mediana da sobrevida foi 29.4 meses (CI95% (14.68; -)), quando comparada ao Kmax >= 55 D (13.4 meses (CI95% (8.75;31.8)) (p = 0.045).
Olhos melhores e piores não apresentaram diferentes tempos de sobrevida. Separadamente, OM e OP tiveram tempos de sobrevida significativamente menores para córneas mais finas e mais curvas, respectivamente.
Córnea
Oftalmologia Clinica
Hospital das Clínicas - FMRP - USP - São Paulo - Brasil
ROSALIA MARIA SIMOES ANTUNES FOSCHINI, Henrique Doná, Renato Bredariol Pereira, Pedro Henrique Sant’Anna Mello, Sidney Julio Faria-e-Sousa, Eduardo Melani Rocha, Gleici Castro Perdona