Título

RETINOPATIA ATIPICA EM PACIENTE COM MELANOMA CUTANEO METASTATICO EM TRATAMENTO COM INIBIDOR DE MEK (COBIMETINIBE) E INIBIDOR DE BRAF (VEMURAFENIBE): RELATO DE CASO

Objetivo

Descrever achados retinianos atípicos em um caso de paciente com melanoma cutâneo metastático em tratamento com o inibidor de MEK Cobimetinibe e com o inibidor de BRAF Vemurafenibe.

Relato do Caso

Paciente masculino, caucasiano, 48 anos de idade, em tratamento de melanoma cutâneo metastático com o inibidor de MEK Cobimetinibe e com o inibidor de BRAF Vemurafenibe há mais de um ano foi encaminhado para avaliação oftalmológica no HCPA devido à diminuição progressiva da acuidade visual no olho direito durante o período de três meses e suspeita de lesões metastáticas na coroide. Apresentava acuidade visual inicial de 20/25 em olho direito e 20/20 em olho esquerdo, e seu exame de fundo de olho demonstrou lesões bilaterais com aspecto viteliforme, com hiperautofluorescência em exame de autofluorescência e líquido sub-retiniano na fóvea e em focos extrafoveais associados a material hiperrefletivo no SS-OCT; a angiografia não evidenciou focos sugestivos de neovascularização coroidal. Durante o seguimento inicial, notou-se um aumento do tamanho e do número de lesões em ambos os olhos, porém com o passar do tempo as mesmas foram desaparecendo e a acuidade visual normalizando, restando apenas apenas focos de hiperautofluorescência foveal residual e irregularidade retiniana externa em OCT de olho direito, embora não haja sido realizado nenhum tratamento, nem as medicações em uso descontinuadas.

Conclusão

A retinopatia paraneoplásica viteliforme é extremamente rara, com poucos casos relatados na literatura e com a maioria deles sem longos seguimentos devido ao estado avançado da doença metastática e à sobrevida reduzida destes pacientes. Este relato sugere que os achados retinianos atípicos neste caso podem estar associados ao uso de inibidores de MEK, mas também podem ser secundários a alguma retinopatia paraneoplásica. A avaliação multimodal e o acompanhamento a longo prazo podem permitir uma melhor caracterização da patologia do segmento posterior em pacientes oncológicos que recebam novos regimes de tratamento.