TOXOCARIASE OCULAR EM MORADORES DE UM MESMO DOMICILIO
Relatar 2 casos de toxacaríase ocular (TO) em irmãos moradores da mesma residência diagnosticados em momentos diferentes no curso da doença.
Caso 1
B.L.M, 36 anos, masculino, lavrador, alegava diminuição progressiva da acuidade visual (AV) do olho esquerdo (OE) há 4 anos.
AV: 20/20 no olho direito (OD) e conta dedos à 4 metros no OE.
Biomicroscopia e pressão intra-ocular (PIO) fisiológicas.
Fundoscopia: (Figura 1)
OD: sem alterações
OE: disco óptico (DO) borrado, trave fibrótica saindo do DO e em direção à periferia temporal retiniana, elevação da arcada vascular temporal ipsilateral. Atrofia córiorretiniana no polo posterior de, aproximadamente, 6 diâmetros de disco. Retina aplicada.
Sorologia para Toxocara: IgG + e IgM -
Devido à ausência de sinais aparentes de infecção ativa, foi optado por conduta conservadora.
Caso 2
T.L.M, 19 anos, masculino, estudante, alegava turvação visual iniciada há 6 meses com piora recente dos sintomas no OE.
Afirmou que seu irmão foi diagnosticado com toxocaríase ocular previamente.
AV: 20/20 no OD e 20/80 no OE.
Biomicroscopia
OD: sem alterações.
OE: reação de câmara anterior tênue.
PIO: 11/12mmHg
Fundoscopia: (Figura 2)
OD: sem alterações
OE: DO regular, discreta vitreíte, lesão granulomatosa inferior à mácula, com proliferação vitreorretiniana, dobras da membrana limitante interna e provável membrana epirretiniana em formato de foice.
Sorologia para Toxocara: IgM + e IgG –
Foi iniciado albendazol 400 mg, 2x/dia por um mês e corticoide oral por 3 meses. Houve regressão do quadro com melhora da AV do OE para 20/30, não sendo optado pela vitrectomia.
A TO geralmente é unilateral, podendo se apresentar com granuloma retiniano, endoftalmite e traves fibróticas. O quadro de base ou outras condições associadas, como membrana epirretiniana, edema macular e descolamento retiniano podem levar à diminuição da AV.
O diagnóstico da TO é baseado na morfologia da lesão, dados laboratoriais e exames de imagem.
O tratamento é direcionado às complicações decorrentes da inflamação intraocular e da tração da membrana vítrea.
Uveites / AIDS
Universidade Federal Fluminense (UFF) - Rio de Janeiro - Brasil
AMANDA DINALLI FRANCISCO, Thiago Sande Miguel, Maurício Bastos Pereira