Código
RC221
Área Técnica
Trauma
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Centro de Estudos Raphael Benchimol
- Secundaria: Hospital Municipal Souza Aguiar
Autores
- GABRIEL BENCHIMOL (Interesse Comercial: NÃO)
- Cintia Gonçalves Andrade (Interesse Comercial: NÃO)
- Lara Ferraro Diniz (Interesse Comercial: NÃO)
Título
RELATO DE QUEIMADURA QUIMICA OCULAR POR POMADA PARA TRANÇAR CABELOS NO CONTEXTO DE EVENTO EPIDEMICO NO RIO DE JANEIRO
Objetivo
Relatar um caso ilustrativo de epidemia de queimadura química ocular, ocorrida em vários bairros da cidade do Rio de Janeiro, entre os meses de 02/2022 e 04/2022 (até o presente), em função de pomada para trançar cabelos não registrada na ANVISA.
Relato do Caso
A.S., 18 anos, mulher, residente do bairro do Recreio na cidade do Rio de Janeiro; deu entrada no setor de emergência oftalmológica do Hospital Souza Aguiar com queixa principal: “Muita dor nos olhos, não consigo abrir”. Relata que em 20/03/2022 foi a cabeleireiro domiciliar, onde realizou aplicação de tranças com uso de pomada modeladora. Afirma não ter sido informada acerca de precauções perante interação com água. Em 26/03/2022, molhou cabelos em banho de piscina. Queixa-se de embaçamento visual bilateral de início agudo e imediato após mergulho na água. Evoluiu com prurido ocular e foi informada que apresentava hiperemia ocular. Descreve início de sensação de peso em ambos os olhos. Com cinco horas de evolução, já em sua residência, relata início de dor ocular bilateral de intensidade 5 (0-10), e evolução com piora gradativa. Relata alívio parcial e temporário com uso de soro fisiológico gelado e intensidade que lhe causou dificuldade de dormir, atingindo nível 10 ao acordar. Fotofobia intensa e lacrimejamento associados completam quadro que a impedia de abrir os olhos neste dia. Ao exame oftalmológico: em 27/03/2022, entra em consultório com olhos fechados, deambulando amparada por esposo, com fácies de dor. Após aplicação de colírio anestésico em AO, consegue abertura ocular. Biomicroscopia: pálpebra e anexos sem alterações, conjuntiva com hiperemia 2+/4+, córnea sem edema e com ceratite punctata central e paracentral. Após administração de colírio de fluoresceína e à avaliação sob luz de cobalto, córnea com ceratite densa difusa e com intervalo lúcido 360º. Apresenta grau I segundo as classificações de Roper Hall e Dua de queimaduras oculares.
Conclusão
No âmbito da saúde ocular, o caso revela a importância da qualidade e da vigilância em saúde para escolha de produtos químicos cosméticos.