Código
RC236
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Autores
- MATHEUS BOM FRAGA (Interesse Comercial: NÃO)
- MAIARA VENDRAMIN PEZZOLATTO (Interesse Comercial: NÃO)
- DAPHNE CASTRO SANTANA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
MANIFESTAÇOES OCULARES DE INFECÇAO POR BARTONELLA HENSELAE: DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO
Objetivo
Relatar caso clínico de paciente com doença da arranhadura do gato e suas manifestações oftalmológicas.
Relato do Caso
Paciente feminina de 16 anos com queixa de baixa acuidade visual súbita em olho direito ao acordar. Refere arranhadura de gato em abdome e presença de linfadenopatia inguinal uma semana prévia ao episódio. História médica de epilepsia. Apresentava acuidade visual de 20/100 em olho direito, sem melhora com correção. Biomicroscopia sem alterações. À fundoscopia de olho direito identificou-se nervo óptico com bordas irregulares, lesão exsudativa macular e ausência de demais alterações. Realizado exame de tomografia de coerência óptica, o qual evidenciava distorção de camadas retinianas e presença de fluído intra e subretiniano. Sorologias negativas e hemograma sem alterações. Com base no exame clínico e história, iniciou-se empiricamente tratamento antibiótico com doxiciclina 100 mg de 12/12h associado à prednisona 0,8 mg/kg, para diagnóstico presumido de bartonelose ocular. Após dez dias de início do quadro, paciente retornou com melhora de acuidade visual para 20/80, diminuição de edema de papila e surgimento de exsudatos maculares com aspecto em estrela.
Conclusão
A doença é transmitida principalmente por arranhadura/mordedura de gatos, e pode apresentar-se com quadro oftalmológico de neurorretinite. As alterações clássicas consistem em edema de nervo óptico com descolamento seroso de retina e estrela macular, que pode surgir 2-4 semanas após a identificação do edema de papila. Além do quadro oftalmológico, alterações sistêmicas como febre, indisposição e linfadenopatias fibroelásticas em regiões típicas, como a inguinal, podem estar presentes. Tratamento consiste em antibioticoterapia, sendo a primeira escolha a doxiciclina 100mg de 12/12h por 4-6 semanas, podendo ser prolongado em pacientes com deficiência imunológica. Em quadros graves, como a neurorretinite, pode ser necessária a associação de corticoides.